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A Última Noite do Sr. Vicente"

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • 27 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de set.



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O depoimento de Isadora



 

A biblioteca da mansão era um ambiente opulento e silencioso, contrastando fortemente com a agitação que havia tomado conta do resto da casa.  Isadora sentou-se em uma poltrona de couro macio, o cheiro antigo de livros e madeira nobre preenchendo o ar.  O detetive Pedro, sentado em frente a uma mesa de mogno imponente, abriu seu bloco de notas.

 

— Senhorita Isadora, agradeço mais uma vez sua colaboração.  Vamos retomar o ocorrido na noite do assassinato.  Você disse que foi a última pessoa a ver o Sr. Vicente com vida.  Descreva, por favor, o encontro de vocês com detalhes.

 

Isadora respirou fundo, tentando conter a tremedeira em suas mãos.

 

— Eu estava terminando meu turno, como sempre.  Eram por volta das 22h.  Encontrei o Sr. Vicente na entrada principal, ele estava saindo.  Estava um pouco frio, e ele usava um casaco escuro.  Lembro que ele estava com uma pasta marrom na mão.

 

— E o que vocês conversaram?

 

— Trocamos apenas algumas palavras sobre o tempo.  Ele comentou sobre a previsão de chuva para o dia seguinte, e eu disse que esperava que não chovesse muito, pois precisava ir ao mercado.  Ele sorriu, desejou uma boa noite e saiu.

 

— Ele parecia preocupado ou alterado?

 

— Não, detetive.  Ele estava tranquilo, como sempre.  Seu semblante era normal, sem nada de anormal.  Pelo menos, nada que eu tenha percebido.

 

— Você observou algo incomum na mansão antes de sair?  Alguma pessoa suspeita, alguma movimentação estranha?

 

— Nada que me chamasse a atenção, detetive.  A mansão estava silenciosa, como de costume àquela hora da noite.  Apenas o silêncio normal da noite.

 

— Você se lembra se havia algum carro estacionado na entrada além do seu?

 

— Não, detetive.  Eu estava focada em encontrar minhas chaves e me despedir do Sr. Vicente.  Não prestei atenção em outros carros.

 

— E depois de se despedir do Sr. Vicente, o que você fez?

 

— Fui diretamente para o meu carro.  Entrei, tranquei as portas e dirigi para casa.  A viagem é curta, cerca de quinze minutos.

 

— Você se lembra de ter visto alguém seguindo você ou algum carro suspeito próximo à mansão?

 

— Não, detetive.  Eu estava preocupada em chegar em casa, estava cansada.  Não prestei atenção a detalhes.

 

— Ao chegar em casa, você fez algo incomum?

 

— Não, detetive.  Apenas jantei, assisti um pouco de televisão e fui dormir.  Nada de incomum.

 

Pedro fez uma pausa, anotando em seu bloco.

 

— Senhorita Isadora, você mencionou uma pasta marrom nas mãos do Sr. Vicente.  Você se lembra de algum detalhe sobre ela?  Tamanho, material, algo que pudesse te chamar a atenção?

 

— Era uma pasta de couro, de tamanho médio, um pouco gasta.  Nada de especial, pelo menos não me pareceu nada de especial.  Não me lembro de detalhes específicos.  Não estava prestando atenção em detalhes.

 

— Entendo.  E sobre o Sr. Vicente, você o conhecia bem?  Ele tinha inimigos?  Alguém que pudesse querer lhe fazer mal?

 

— Conhecia-o superficialmente, detetive.  Era um bom patrão, sempre gentil e respeitoso.  Nunca notei nenhum inimigo.  Nunca ouvi falar de inimigos.  Não sei de nada.

 

— Senhorita Isadora, agradeço sua sinceridade e colaboração.  Seu depoimento é muito importante para a investigação.  Vamos manter contato.  Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, nos informe imediatamente.

 

Isadora assentiu, sentindo-se exausta, mas também um pouco mais aliviada.  Contar tudo, reviver a noite do assassinato, havia sido doloroso, mas também necessário.  A verdade sobre a morte de Sr. Vicente ainda estava escondida, mas ela esperava que, com a ajuda do detetive Pedro, ela pudesse ser revelada em breve.  A sombra da tragédia pairava sobre a mansão, mas também sobre a vida de Isadora, e ela ansiava pelo dia em que a justiça pudesse ser feita.

 

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