"carta de um amor A última noite do Sr Vicente"
- Magvania P. Nunes
- 17 de dez.
- 3 min de leitura
Capítulo 25

A carta de amor
O detetive, tomado por uma profunda fascinação, começou a ler a carta em voz alta, enquanto os demais se aproximavam, movidos pela curiosidade e pelo desejo de desvendar o mistério. O aroma nostálgico de papel antigo, entrelaçado com a suavidade da lavanda, envolveu a biblioteca, transportando todos para um tempo de paixão intensa e segredos sussurrados.
"Meu amado Vicente,
Escrevo-te estas palavras com o coração transbordando de amor e saudade. Cada dia que me separa de ti parece uma eternidade sem fim, e a noite, quando me deito sozinha, sinto a tua falta como se fosses uma parte essencial de mim, arrancada à força.
Lembro-me do dia em que os nossos caminhos se cruzaram, como se as memórias estivessem gravadas a fogo na minha alma. O sol brilhava com uma intensidade radiante, e o teu sorriso, ah, o teu sorriso iluminou o meu mundo sombrio. Desde aquele instante mágico, soube que o meu destino estava irremediavelmente traçado ao teu lado, entrelaçado com o teu.
Tenho plena consciência de que a nossa situação é complexa, tecida com fios de desaprovação e preconceito. Sei que as nossas famílias jamais aceitarão o amor que nos une, mas recuso-me a ceder ao peso das expectativas alheias. O que realmente importa é a profundidade do que sentimos um pelo outro, a chama incandescente que arde incessantemente em nossos corações, desafiando todas as adversidades.
Prometo-te solenemente que lutarei com todas as minhas forças por nós, por este amor que nos completa e nos define. Enfrentarei todos os obstáculos que se erguerem em nosso caminho, desafiarei todas as convenções sociais que tentarem nos separar. Porque sei, com uma certeza inabalável, que juntos somos invencíveis, capazes de superar qualquer provação.
Espero ansiosamente pelo dia em que poderemos viver o nosso amor sem as correntes do medo e dos segredos. Anseio pelo momento em que poderemos passear de mãos dadas pelos campos floridos, sem nos importarmos com os olhares curiosos. Imagino-nos a construir uma família, um lar onde o amor seja a base de tudo, e a envelhecer juntos, lado a lado, testemunhando a beleza da vida em cada ruga e sorriso.
Até que esse dia glorioso chegue, guardarei as tuas palavras em meu coração, como um tesouro de valor inestimável. E continuarei a amar-te, com toda a minha alma, com toda a minha força, com cada fibra do meu ser.
Com todo o meu amor eterno,
Laura"

Um silêncio denso e carregado de emoção pairou na biblioteca, enquanto os detetives absorviam cada palavra da carta, tentando desvendar os segredos por trás daquelas linhas. A história de amor entre Laura e Vicente ganhava novos contornos, revelando uma paixão intensa e um caso muito mais profundo do que se imaginava.
— Esta carta é a prova irrefutável de que eles tiveram um caso amoroso, — comentou um dos detetives, quebrando o silêncio.
— E demonstra que o caso deles era muito mais sério e intenso do que poderíamos ter imaginado, — completou outro, com um olhar pensativo.

Silva, que havia chegado à biblioteca durante a leitura da carta, pegou-a delicadamente nas mãos e a examinou com atenção. O cheiro de lavanda era intenso, quase palpável, e a caligrafia de Laura era inconfundível, traçando cada palavra com a delicadeza de uma pena apaixonada.
— Precisamos mostrar esta carta para a senhora Laura o mais rápido possível, — disse Silva, com a voz firme e determinada.
Os detetives assentiram em concordância, e seguiram Silva para a sala de estar, onde Dona Laura aguardava ansiosamente por notícias, consumida pela angústia e pela incerteza. O mistério da Mansão Moreira estava prestes a ser desvendado, como um véu que se rasga para revelar a verdade oculta. E a verdade sobre a morte de Vicente, finalmente, viria à tona, revelando os segredos obscuros que pairavam sobre a família.





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