"A última noite do Sr Vicente"
- Magvania P. Nunes
- 30 de nov.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de nov.
Capítulo 24
Continuidade da Investigação na Mansão - Caso Vicente

Escritório de Isabella, Galeria Arte Bella - Tarde
O ar na sala era espesso com tensão, o cheiro de incenso agora quase sufocante. Isabella, com os braços cruzados e um olhar desafiador, encarava os detetives. Silva sentia o peso do olhar dela, uma mistura de medo e determinação. Pedro, ao seu lado, permanecia impassível, uma rocha em meio à tempestade que se anunciava.
— Então, Isabella, — começou Silva, sua voz calma contrastando com a atmosfera carregada. — No hotel, nos disse uma coisa... agora, aqui, você conta uma versão diferente. Qual é a verdade?
Isabella soltou uma risada amarga, o som ecoando nas paredes silenciosas. — A verdade é que vocês estão desesperados para encontrar um culpado e eu sou uma presa fácil. Vicente e eu éramos amigos, amigos de longa data. Compartilhávamos uma paixão pela arte, conversávamos sobre negócios... Nada mais.
Pedro se aproximou, o olhar fixo em Isabella. — E o encontro no Hotel Esmeralda? Que tipo de 'negócios' se discute em um hotel famoso por encontros amorosos?
Isabella respirou fundo, como se reunisse forças. — Eu nunca fui a esse encontro. Naquele dia, senti um pressentimento ruim, uma angústia inexplicável. Liguei para Vicente e avisei que não poderia comparecer, que precisaríamos remarcar.
— E qual era o assunto desse encontro?, — pressionou Silva.
— Era algo delicado, — respondeu Isabella, desviando o olhar. — Vicente estava me ajudando com um problema... uma questão familiar. Não posso dar mais detalhes.
— Uma questão familiar que exigia sigilo e um hotel?, — questionou Pedro, cético. — Não soa nada convincente, Isabella.
— Eu entendo que seja difícil de acreditar, — disse Isabella, com a voz embargada. — Mas estou dizendo a verdade. Eu amava Vicente, mas como um amigo, um mentor. Jamais faria algo para prejudicá-lo.
Silva sentia o peso da dúvida em seu coração. Isabella parecia sincera, mas as inconsistências em seu depoimento eram perturbadoras. Precisava de mais provas, mais informações.
— Você disse que sentiu um pressentimento ruim naquele dia, — disse Silva, sua voz suave. — Pode descrever o que sentiu?
Isabella fechou os olhos, como se revivesse o momento. — Era uma sensação de perigo iminente, como se algo terrível estivesse prestes a acontecer. Uma angústia que me paralisou.
Silva trocou um olhar com Pedro. A descrição de Isabella era vívida e convincente, mas poderia ser apenas uma encenação.
— Você tem como provar que ligou para Vicente naquele dia?, — perguntou Pedro.
Isabella hesitou. — Não tenho certeza, — respondeu ela. — Apago meus registros de chamadas regularmente para evitar problemas com... outras pessoas.
Pedro soltou um suspiro exasperado. — Isso não facilita as coisas, Isabella.
— Eu sei, eu sei, — respondeu Isabella, com a voz desesperada. — Mas estou dizendo a verdade. Por favor, acreditem em mim.
Silva sentia a pressão aumentar. Precisava tomar uma decisão: acreditar em Isabella e seguir uma nova linha de investigação, ou considerá-la uma mentirosa e prendê-la como suspeita.
— Precisamos verificar seus contatos, Isabella, — disse Silva, com a voz firme. — E precisamos de uma permissão para analisar as finanças de Vicente e as suas. Se estiver dizendo a verdade, isso ficará claro. Mas se estiver mentindo, vamos descobrir.

Na Mansão - Noite
Enquanto Silva e Pedro interrogavam Isabella, outra equipe de detetives vasculhava a Mansão Moreira em busca de novas pistas. O cheiro de poeira e madeira antiga pairava no ar, e o som dos passos dos detetives ecoava nos corredores silenciosos.
A governanta, Dona Laura, observava a cena com um olhar frio e impassível. Silva sempre sentiu algo estranho em relação a ela, uma frieza que o perturbava.
— Encontraram alguma coisa?, — perguntou Dona Laura, com a voz calma.
— Ainda não, — respondeu um dos detetives. — Estamos procurando por algo que possa nos ajudar a entender o que aconteceu.
Dona Laura assentiu, desviando o olhar. Silva sentiu que ela estava escondendo algo, mas não conseguia decifrar o que era.
Na biblioteca, outro detetive examinava os livros com atenção, procurando por alguma pista escondida. O cheiro de papel velho e tinta desbotada enchia o ar, e o som do roçar das páginas criava uma atmosfera de mistério.
De repente, o detetive gritou: — Encontrei algo!.
Os outros detetives correram para a biblioteca, seus corações acelerados. O que será que ele havia encontrado? A resposta para o mistério da Mansão Moreira?
O detetive segurava um livro antigo, com a capa de couro desgastada. No interior, havia uma carta escondida. A carta, amarelada pelo tempo, exalava um leve cheiro de lavanda, e a caligrafia delicada revelava a emoção de quem a escreveu. Era uma carta de amor, escrita por Laura para Vicente, nos tempos em que eram jovens e apaixonados.
O mistério da Mansão Moreira estava prestes a ser desvendado?.





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