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Ronan e os segredos escondidos através das pedras

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • 8 de jul.
  • 8 min de leitura

Atualizado: 29 de out.



Capítulo 4




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 A Cascata da Sereia



Finalmente, alcançaram a Cascata da Sereia, uma queda d'água imponente que se lançava em um abismo profundo.

A Cascata da Sereia era um espetáculo de poder e beleza bruta. A água caía de uma altura vertiginosa, criando um estrondo ensurdecedor e uma névoa constante que envolvia tudo em um véu úmido e frio.  O mapa das Estrelas Perdidas indicava a entrada da Cidade Submersa atrás da cascata, mas não fornecia detalhes sobre sua localização exata.

Ronan, estudando o mapa perto da Cascata da Sereia, sentiu um novo sussurro das pedras, mais enigmático que os anteriores:

 

Pedra: A água canta a canção da sereia, mas esconde a entrada da cidade.  Busque a melodia oculta, e a passagem se revelará. A voz feminina, pura e cristalina, é a chave para abrir o caminho.

 

Este sussurro revelava que a "melodia oculta" não era uma vibração física nas rochas, mas um som específico, uma canção, que precisava ser reproduzida para abrir a passagem secreta.  A pedra enfatizava que a melodia precisava ser cantada por uma voz feminina, pura e cristalina, sugerindo que Elara teria um papel crucial neste momento.

 

Ronan, sem entender completamente a natureza da melodia, tentou sentir alguma vibração nas rochas ao redor da cascata.  Ele tocou várias pedras, mas não sentiu nada além da força da água e do vento.  Ele então percebeu que a melodia não era algo a ser sentido, mas ouvido.  A pedra havia dito que a água "cantava a canção da sereia".  Talvez a melodia estivesse relacionada à própria cascata, ou a algum eco específico produzido pela água.

 

Enquanto Ronan refletia sobre o enigma, uma nova mensagem das pedras ecoou em sua mente:

 

Pedra: A melodia é antiga, tão antiga quanto a própria cidade submersa.  Ela reside no coração da água, e somente uma voz pura pode evocá-la.

 

Este sussurro reforçava a necessidade de uma voz feminina pura para cantar a melodia, e sugeria que a melodia era de origem antiga, provavelmente uma canção tradicional associada à lenda da Cidade Submersa ou à própria sereia.  Ronan então percebeu que a melodia não era algo que ele pudesse descobrir sozinho.  Ele precisava da ajuda de Elara, e precisava confiar que ela possuía o conhecimento ou a intuição necessários para encontrar e cantar a melodia correta.  A melodia não era simplesmente uma canção qualquer, mas uma chave mágica, uma frequência específica que ressoaria com a entrada secreta, abrindo-a para Ronan e Elara.  A pedra não revelou a melodia, mas deixou claro que a voz de Elara era essencial para encontrá-la e ativá-la.

 

Ronan, após decifrar os sussurros iniciais das pedras, explicou a Elara o enigma:

 

Ronan: Elara, as pedras falaram de uma melodia... É preciso uma melodia para abri-la. Uma canção antiga, que precisa ser cantada para abrir a passagem secreta atrás da cascata.  Uma voz feminina, pura e cristalina, é a chave.  As pedras dizem que a água "canta a canção da sereia", mas não revelaram a melodia em si.

 Elara, intrigante, examinou o mapa novamente e observou a cascata. Ela percebeu um símbolo próximo à cascata que parecia uma nota musical antiga.  Ela tocou uma pedra próxima à cascata e ouviu um sussurro, mas apenas Ronan o percebeu:

 

 

Pedra: A melodia não é aprendida, mas sentida.  Ela reside no fluxo da água, no eco da cascata. Ela é antiga, uma canção de ninar das sereias, um lamento pelo tempo perdido. Deixe a água te guiar, e a canção surgirá de seu coração.

 

Ronan, interpretando a mensagem, explicou a Elara:

 

Ronan:  Elara, as pedras dizem que a melodia está no fluxo da água, no próprio coração da cascata. Você precisa ouvir a água, sentir o seu movimento, sentir o  ritmo dela ...  deixe que a água te inspire.  Confie em sua intuição. Eu sei que você vai conseguir ouvir a canção da sereia.

 

Elara fechou os olhos, concentrando-se na cascata.  Ela sentiu a força da água, o seu movimento constante, o seu ritmo hipnótico.  Um brilho suave começou a envolvê-la, e ela sentiu uma conexão profunda com a água, como se ela fizesse parte dela.  Outro sussurro, apenas para Ronan:

 

Pedra: A melodia é um lamento e uma promessa.  Um sussurro de tempos antigos, uma promessa de revelações futuras.  A sereia te espera.

 

Com os olhos ainda fechados, Elara começou a cantar.  Um brilho intenso a envolveu, e ela parecia flutuar levemente, como se a água a abraçasse.  Sua voz era etérea, pura e cristalina, ressoando com a força da cascata.  Ela cantava com uma intensidade e uma beleza que deixou Ronan hipnotizado.

 

Ao começar a cantar, Elara irradiava uma luz suave.  Ronan ficou imediatamente cativado.  A melodia, embora simples em sua estrutura, possuía uma profundidade e uma beleza extraordinária.  Era como se a própria alma de Elara estivesse sendo canalizada através da música, transmitindo uma emoção pura e intensa.  A voz dela, cristalina e poderosa ao mesmo tempo, ressoava com a força da cascata, criando uma atmosfera mágica e hipnótica.

 

Não era apenas a beleza da voz de Elara, cristalina e pura como um riacho de montanha, mas algo mais profundo.  Era uma vibração, uma ressonância que parecia ecoar dentro dele mesmo.

As pedras, percebendo a reação de Ronan, sussurraram em sua mente:

 

Pedra: Você sente a magia da canção, a força da voz dela.  Ela é a chave, e a melodia é o caminho.  Confie nela, e ela te guiará.

 

Pedra: O coração da água responde à sua canção.  A pureza da voz dela quebra o encantamento, revela o segredo que a água guarda.

 

Pedra: Observe como a água dança em harmonia com sua canção.  Ela não está apenas cantando, mas evocando a magia da cidade submersa.

 

Ronan sentiu um misto de admiração, fascínio e algo próximo ao amor.  Elara, ao cantar, parecia se transformar.  Sua beleza era hipnótica, e sua voz possuía um poder que o deixava completamente enfeitiçado.  Ele percebeu que a melodia não era apenas uma sequência de notas musicais, mas uma chave mágica, uma frequência que ressoava com a entrada secreta da cidade submersa. 



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Enquanto Elara cantava, um sorriso suave surgiu em seus lábios.  Ela parecia se conectar com a melodia de forma profunda, sentindo a força da água e a magia da canção.  Ela percebeu a reação de Ronan, o fascínio em seus olhos.  A própria água parecia dançar ao ritmo de sua voz, criando um espetáculo mágico . Uma magia que o deixava sem fôlego.  Ele sentiu uma conexão profunda com Elara, uma empatia intensa que transcendia a admiração.  Era como se a música criasse um elo invisível entre eles, um laço mágico tecendo-se a cada nota.  Ele percebeu que a melodia não era apenas para abrir a passagem, mas também para revelar algo dentro dele mesmo.

 

Enquanto isso, Elara cantava, seu rosto iluminado por uma luz suave que emanava da cascata.  Ela nesse momento abriu os olhos e sorriu, seus olhos brilhando com uma mistura de alegria e confiança.  Ela sentia a magia da canção, a força da água, e a conexão especial que estava se formando entre ela e Ronan.  Ela percebeu o fascínio dele, a admiração em seus olhos, e seu sorriso se tornou mais radiante, transmitindo uma mistura de alegria, confiança e um toque de sedução.

 

Elara: (entre uma estrofe e outra, sem parar de cantar, um sussurro quase inaudível) Ronan... você sente?

 

Ronan, sem conseguir desviar o olhar, respondeu com um sussurro igualmente baixo:

 

Ronan: Sim... sinto...  é incrível, Elara.  É... mágico.


Elara sorriu novamente, ainda mais radiante, e continuou a cantar, sua voz agora mais forte e ainda mais poderosa, conduzindo a magia da cascata e a abertura da passagem secreta.  A melodia era a chave para a cidade submersa.

 

*(Elara canta):

 

Águas profundas, segredos velados,

Tempo perdido, lamento evocado.

Sereia chora, eco na corrente,

Sereia sussurra, em seu fluxo constante,

Cidade adormecida, em segredo distante.

 

Concha de pérola, estrela no mar, na corrente perdida,

Abri a passagem, sem nunca parar, a magia sentida.

Som cristalino, eco na cascata,

Cidade desperta, a magia liberta.

 

 

Ronan, tomado pela emoção, murmurou para as pedras, sua voz quase inaudível:

 

Ronan: (para as pedras)  É... é incrível...  Eu nunca senti nada igual...  o que está acontecendo comigo?  Estou... apaixonado?

 

Pedra : O coração reconhece o seu, Ronan. A melodia é um encantamento, um elo entre almas afins.

 

Pedra : Não tema o que sente.  A magia da cidade submersa está revelando a verdade em seu interior.

 

A canção de Elara continuou, a água dançando ao seu redor, criando um cenário mágico e inesquecível.  Ronan estava completamente perdido na beleza da melodia, na magia da cascata, e na conexão profunda que estava se formando entre ele e Elara.

 

Sua voz era tão poderosa que parecia ecoar por toda a região.  A água da cascata começou a brilhar intensamente, criando um espetáculo de luz e movimento.  A fenda atrás da cascata se abriu, lentamente revelando um túnel escuro e úmido.  A água parecia dançar em sincronia com sua melodia, criando um espetáculo mágico e misterioso. Ronan, completamente fascinado, percebeu que Elara havia se transformado.  Ela não era mais apenas Elara; ela era a própria personificação da sereia, sua beleza e poder hipnóticos.  A melodia não era apenas uma canção, mas um encantamento antigo, uma chave mágica que desvendou o segredo da cascata.  Um último sussurro para Ronan:

 

Pedra: A canção da sereia abriu o caminho.  Agora, avancem com cautela, pois os segredos da cidade aguardam.

 

O canto de Elara cessou tão subitamente quanto começara.  A água, que dançava em sincronia com sua voz, voltou à sua calma natural, o brilho intenso se dissipando como um sonho.  Um silêncio profundo, quase opressor, pairou no ar, quebrando o encanto hipnótico da melodia.  A fenda atrás da cascata, continuava aberta.

 

Ronan, ainda embevecido pela beleza da canção, demorou alguns segundos para perceber o silêncio.  Seus olhos, antes fixos na figura etérea de Elara, agora se voltaram para ela, buscando entender a mudança repentina.  Ele a viu, não mais a sereia radiante e poderosa, mas Elara, a mulher de cabelos úmidos e rosto levemente ofegante, com um brilho de exaustão nos olhos azuis.

 

Ronan: Elara? Você está bem?  Seu canto... era incrível, mas... você parece exausta.

 

Elara, apoiando-se em uma rocha úmida, tocou o pescoço, como se sentisse uma pontada de dor.

 

Elara: Sim, estou bem.  Cantar aquela canção... exige muito de mim. É um poder antigo, Ronan, e não posso usá-lo por muito tempo.  Acho que gastei toda a minha energia.

 

Ela sorriu fracamente, mas a preocupação em seu olhar era evidente. Ronan se aproximou, preocupado.

 

Ronan: Eu não sabia.  Deveria ter percebido.  Você parecia... diferente.  Como uma deusa.

 

Elara:  (rindo levemente)  Talvez eu seja um pouco deusa, um pouco mortal.  Mas agora sou apenas Elara, cansada e com sede.

 

Ronan ofereceu-lhe sua cantimplora.  Ela bebeu alguns goles, os olhos se fechando em um suspiro de satisfação.

 

Elara: Obrigada.  Agora, vamos continuar.  A cidade submersa nos espera.  E eu preciso descansar.

 

Ronan, percebendo a exaustão de Elara, segurou sua mão, transmitindo-lhe apoio e compreensão.  A aventura continuaria, mas agora com uma nova consciência da fragilidade daquela que, momentos antes, parecia uma força inabalável da natureza. A jornada para a cidade submersa, agora, seria guiada não apenas pelo mapa e pelos sussurros das pedras, mas também pela preocupação e pela admiração que Ronan sentia por Elara, a sereia que havia encontrado sua humanidade.

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