"O Enigma de Lazuli e o Destino de Kael".
- Magvania P. Nunes
- 9 de jul.
- 8 min de leitura
Atualizado: 29 de out.
Capítulo 4

O Santuário da Lua
O vento passava, chicoteando os cabelos de Kael enquanto ele e Sanem escalavam o penhasco. A cada passo, o cheiro salgado do mar se misturava ao ar rarefeito, carregando consigo o eco distante dos sussurros dos Silenciosos – um som que arrepiava a alma.
O Santuário da Lua se erguia imponente, esculpido na face de um penhasco que desafiava o mar. Kael e Sanem, guiados pelas sombras, enfrentavam a subida íngreme.
“Cuidado, Kael,” sibilou uma sombra, sua voz um fio cortante de gelo na espinha dele. “O Santuário está repleto de armadilhas. Magia adormecida há séculos... a entrada é um teste.”
Kael apertou o medalhão de prata em seu pescoço. O metal gelado pareceu responder ao aviso da sombra. Como se pressentisse o perigo. “Que tipo de teste?”, ele perguntou, sua voz quase roubada pelo vento.
“Um labirinto de sombras,” respondeu outra sombra, sua voz mais suave, mas não menos ameaçadora. “Um reflexo de seus próprios medos, de suas inseguranças. Somente quem domina suas sombras pode passar.”
Sanem, segurando uma lanterna antiga que parecia desafiar a escuridão, iluminou o caminho rochoso. A entrada do Santuário era um portal de sombras, um vórtice de escuridão que sugava a luz como um buraco negro.
“Você tem certeza que é por aqui?”, perguntou Sanem, sua voz tensa. Ela não conseguia ver as sombras, mas sentia a energia sombria que emanava do portal como um peso na alma.
“As sombras me garantem que sim,” respondeu Kael, seus olhos fixos no portal. Ele sentia a energia do Cristal de Agva pulsando em suas mãos, um poder que o fortalecia, mas também o deixava inquieto.
“Mas… elas são apenas sombras, Kael! Como podemos confiar nelas?”, Sanem questionou, seu tom carregado de apreensão.
Uma das sombras, mais escura e imponente que as outras, respondeu: “A confiança não se baseia na visão, Sanem , mas na intuição. Kael tem um dom, uma ligação com as sombras que nós não temos. Ele é nosso guia, e nós, seus fiéis aliados.”
Kael olha para Sanem e repete o que as sombras disse: “A confiança não si baseia na visão e sim na intuição, eu eu tenho ligação com as sombras eu as guio e elas são fiéis a mim... Você entende Sanem”...
Sanem diz: “ sim eu entendo.”
Eles entraram no portal. A escuridão os engoliu, e um labirinto de corredores sinuosos e ilusões se abriu diante deles. As sombras se contorciam, tomando formas monstruosas, tentando confundi-los, assustá-los.
“Não se deixe levar pelo medo, Kael,” sussurrou uma sombra, sua voz como um suspiro frio. “O medo é a arma dos Silenciosos. Concentre-se, controle suas sombras. Elas são sua força!”
Kael se concentrou, usando o medalhão para controlar as sombras que o cercavam. Ele as manipulou como marionetes, criando escudos de escuridão, desviando armadilhas e ilusões. Elara, guiada pela luz fraca de sua lanterna e pelas instruções de Kael, o seguiu, seu coração batendo forte no peito.
Em um ponto, eles se depararam com uma encruzilhada, A encruzilhada se apresentava como um abismo na escuridão, três caminhos distintos se esgueirando para dentro da névoa, cada um envolto em sombras de cores e texturas diferentes.
“Escolha sabiamente,” uma sombra sussurrou. “Cada caminho representa um aspecto de sua alma. O caminho certo revelará sua verdadeira força.”
Kael sentiu a energia de cada caminho, a emoção que cada um representava: medo, raiva, esperança.
No ar, uma vibração estranha, como um tecido pesado, carregava o peso das três sombras.
Sombra da Esperança (Uma luz tênue, quase translúcida, pulsando fracamente, o brilho azul-celeste, quase etéreo): “Kael, eu te ofereço a esperança. O caminho é árduo, repleto de desafios que testarão sua força e sua fé. Você enfrentará perigos inimagináveis, mas a cada obstáculo superado, sua determinação se fortalecerá. A vitória será sua, mas o preço será alto. Você terá que lutar, sofrer e se sacrificar. Está disposto a pagar esse preço?”. Sua voz era suave, um sussurro carregado de uma determinação tranquila, mas firme. Ela oferecia uma visão de um futuro brilhante, mas com a clara consciência do sacrifício envolvido.
Kael olhou para a sombra e disse : “Sim, a esperança é o único caminho que vale a pena trilhar, mesmo que seja o mais difícil. Mas é o único que oferece a chance de salvar Lazuli. O sacrifício é um preço que estou disposto a pagar. A esperança é tudo o que me resta.”
Sombra da Raiva (Uma névoa escarlate, o Vermelho-sangue, pulsando com uma energia furiosa): “Tolice procurar a vitória pelo caminho da esperança! Eu te ofereço a raiva, Kael. A força bruta, a fúria indomável que esmagará seus inimigos. Não haverá hesitação, não haverá dúvidas. Somente destruição pura e implacável. O caminho será curto e sangrento, mas a vitória será rápida e definitiva. Você não precisará se sacrificar, apenas destruir tudo que se opõe ao seu caminho. Aceite a raiva, e o poder será seu!” Sua voz era um rugido contido, um veneno doce que prometia poder absoluto, mas com um claro aviso: a destruição seria total, sem distinção entre amigos e inimigos.
Kael , olhando para a sombra, respondeu: “A raiva é um caminho fácil, mas perigoso. Ela cega e destrói tudo em seu caminho, inclusive aqueles que deveriam ser protegidos. Eu não posso permitir que a minha fúria consuma Lazuli. Há inocentes que precisam ser salvos. Preciso de mais do que força bruta para vencer isso.”
Sombra do Medo (Negro viscoso, com tons de cinza-escuro e um brilho verde-esmeralda nauseante com tentáculos que se retorciam): “Não ouça essas tolices, Kael. A esperança é ilusão, a raiva, autodestruição. Eu te ofereço o caminho mais fácil, o caminho do medo. Submeta-se, aceite a derrota, e o sofrimento acabará. Não haverá luta, não haverá sacrifício. Apenas a paz da rendição. A escuridão te acolherá, e você não sentirá mais dor, nem medo. Escolha o medo, e o sofrimento cessará.” Sua voz era um sussurro frio, que penetrava na mente como uma névoa gélida, prometendo o alívio da dor, mas com a certeza da derrota e da aniquilação da própria identidade.
Kael olhou para a sombra e sorriu : “O medo é um inimigo tão terrível quanto qualquer criatura das sombras. Eu não vou me render. Eu lutarei contra o medo, contra a escuridão, e contra os Silenciosos. A paz que vocês oferecem é a morte de Lazuli e a minha própria. Eu enfrentarei meus medos, e lutarei por um futuro melhor.”
Após suas respostas, um silêncio pesado pairou sobre a encruzilhada. As três sombras se agitaram, como se reagindo à firmeza de Kael. Sentiu o peso das três sombras sobre ele. A esperança sussurrava de um futuro incerto, mas glorioso. A raiva gritava por vingança e poder. O medo prometia a paz, mas a um custo terrível. Sua respiração ecoava no silêncio da encruzilhada, enquanto ele lutava para escolher seu caminho, o destino de Lazuli dependia de sua decisão. A escolha era sua, e o peso do mundo repousava sobre seus ombros. Ele respirou fundo, os olhos fixos no caminho azul-claro, o caminho da esperança. A decisão estava tomada. O caminho mais difícil, mas o único que oferecia a chance de salvar Lazuli.
“Minha decisão foi tomada... Eu escolho você sombra da esperança”. Disse Kael apontando para a sombra da esperança.

Assim que Kael escolheu o caminho da esperança, um brilho azul intenso emanou da trilha, envolvendo-o em uma aura reconfortante. As sombras da Raiva e do Medo recuaram, seus murmúrios se dissipando na névoa. O caminho da esperança, antes nebuloso, tornou-se mais claro, revelando uma trilha íngreme e sinuosa que subia montanha acima. Ao seu lado, Sanem, a jovem que o acompanhava desde o início da jornada, soltou um suspiro aliviado. Seus olhos, antes cheios de apreensão, brilhavam com uma nova esperança.
Sombra da Esperança: “Sua jornada começa agora, Kael. O caminho será longo e difícil, mas eu estarei com você a cada passo. Lembre-se: a coragem é a chave para a vitória. Não tenha medo de pedir ajuda, mas confie em seu próprio julgamento.”
Sanem disse com alegria: "Eu sabia que você escolheria o caminho certo, Kael. Sua determinação sempre me impressionou. Embora eu tenha medo, sua fé me dá forças para continuar." Ela apertou a mão dele, seus dedos entrelaçados em um gesto de apoio e confiança mútua.
Kael diz: "Sim, Sanem. Não foi fácil, mas o medo não pode nos controlar. A esperança é a nossa única arma contra os Silenciosos e contra as sombras que nos assombram." Ele olhou para Sanem, um sorriso fraco em seus lábios. "Juntos, vamos encontrar o Cristal de lua."
A trilha, antes obscurecida pela névoa, tornou-se visível, uma escada íngreme esculpida na rocha, que subia em direção a uma imponente torre no topo da montanha. O ar ficou mais frio.
Começaram a subir a escada, a cada degrau vencido, o vento uivava com mais intensidade, como se tentasse impedi-los. Criaturas sombrias, espectros distorcidos, pairavam ao redor, seus sussurros tentando minar a confiança de Kael.
Um espectro sibilante: "Voltem! A esperança é uma ilusão! A derrota é inevitável!"
"Não enquanto eu tiver Sanem ao meu lado, e a esperança em meu coração!". Diz Kael estendendo a mão para Sanem, que retribuiu o gesto, seus olhos determinados.
Sanem, apesar do medo evidente em seu rosto, respondeu com firmeza: "Eu confio em você, Kael. Vamos superar isso juntos."
Continuando a subida, encontraram um portal mágico, pulsando com uma luz azul-esverdeada. Era uma barreira protetora, criada para impedir a entrada de intrusos.
"O que fazemos agora, Kael? Parece impossível." Pergunta Sanem com preocupação.
"Não se preocupe, Sanem. A sombra da esperança nos guiará. Precisamos encontrar uma forma de passar por este portal." Ele observou atentamente o portal, procurando por algum sinal, alguma fraqueza. A sombra da esperança o guiou, revelando um símbolo antigo esculpido na pedra próxima ao portal. Era um código antigo, que, decifrado, permitiria a passagem.
O código era uma sequência complexa de símbolos antigos gravados na parede da câmara, combinando glifos desconhecidos com elementos da numeração Fibonacci. A sequência parecia aleatória à primeira vista, mas continha um padrão oculto que precisava ser decifrado para abrir o portal.
“ Estes glifos... nunca vi nada parecido. São tão antigos que parecem quase pré-históricos. E essa sequência numérica... parece familiar”. Sanem observando os símbolos com uma lupa.
“Fibonacci. A sequência de Fibonacci. Os números estão lá, disfarçados entre os glifos. Mas não estão em ordem. Eles parecem estar codificados”. Kael aproximando-se.
“Então, como deciframos isso? Não há nenhuma chave óbvia”. Sanem diz .
“Precisamos procurar por um padrão oculto. Observe: a repetição dos glifos da serpente... eles sempre aparecem após um determinado número da sequência de Fibonacci”. Analisando com atenção os glifos Kael diz.
“Entendo! A serpente é a chave! Ela marca os intervalos na sequência. Precisamos reorganizar os números de acordo com a posição dos glifos da serpente”. Sanem a ponta para a figura da serpente.
“Vamos tentar... Se a serpente indica o quinto número da sequência, então o próximo número deve ser... 13. E depois... 21. Está funcionando!”. Kael escrevendo em um pedaço de pergaminho.
“Mas e os outros glifos? Eles também devem ter um significado. Observe como eles se repetem em um padrão específico”. Sanem diz com empolgação.
“Você está certa! Eles representam as diferentes etapas do processo. Cada glifo corresponde a uma operação matemática. Precisamos aplicar essas operações aos números da sequência de Fibonacci reorganizada”. Kael mexendo nos glifos.
“Consegui! A sequência final é... 2, 5, 13, 34, 89, 144... Isso deve ser a senha!”. Sanem após alguns cálculos complexos.
Kael diz: Vamos tentar! (Insere a sequência numérica em um mecanismo oculto próximo ao portal)
(Um som mecânico ecoa pela câmara, seguido de um brilho intenso que abre o portal.)
“Nós conseguimos! Deciframos o código!”. Sanem sorrindo abraça Kael.
“ Sim! Foi um trabalho em equipe. Sua perspicácia com os glifos e minha intuição sobre a sequência de Fibonacci foram a combinação perfeita”. Diz Kael orgulhoso.





Comentários