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A Última Noite do Sr. Vicente"

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • 23 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de set.


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O depoimento da governanta



A governanta, Dona Laura, uma mulher de meia-idade com um olhar severo e postura impecável, sentou-se na poltrona de couro, ajustando seu tailleur impecavelmente. A biblioteca, com sua atmosfera opressora, parecia ainda mais sombria sob a luz fraca da tarde. O detetive Pedro, sentado à mesa de mogno, abriu seu bloco de notas, o olhar fixo em Senhora Laura.

— Senhora Laura, agradeço sua presença. Seu depoimento é fundamental para a investigação da morte do Sr. Vicente. Vamos começar pelo seu dia de trabalho, no dia do assassinato. Conte-me tudo, com detalhes, por favor.

Senhora Laura respirou fundo, a voz firme e controlada.

— Bom, detetive, cheguei à mansão às oito horas da manhã, como sempre. Comecei pela inspeção dos quartos, verificando se tudo estava em ordem. Depois, supervisionei a limpeza da casa e organizei a despensa.

— Você observou algo incomum na mansão ao chegar?

— Não, detetive. Tudo estava em seu devido lugar. A casa estava silenciosa, como de costume.

— E durante o dia? Você se lembra de alguma atividade incomum ou de ter visto alguma pessoa suspeita?

— Bem, detetive, o Sr. Ricardo esteve na mansão pela manhã. Ele parecia inquieto, andava de um lado para o outro, falando ao celular em tom baixo. Parecia nervoso. Ele estava na sala de estar.

— O que ele estava fazendo na sala de estar?

— Ele estava fazendo uma ligação, detetive. Ele parecia muito perturbado. Não consegui ouvir o que ele estava dizendo, mas ele parecia muito preocupado.

— E depois disso?

— Continuei com minhas tarefas, detetive. À tarde, organizei a biblioteca, limpei a poeira dos livros e arrumei as prateleiras. Por volta das quatro horas, ouvi um barulho vindo do jardim, parecia alguém mexendo em ferramentas de jardinagem.

— Você foi verificar?

— Não, detetive. Não era meu dever. Eu continuei meu trabalho na biblioteca.

— E mais tarde, quando o Sr. Vicente foi encontrado morto, onde você estava?

— Eu estava no meu quarto, detetive. Eu estava arrumando minhas coisas para ir embora. Foi quando ouvi a comoção e as sirenes da polícia.

— Você viu ou ouviu algo incomum antes de ouvir a comoção?

— Não, detetive. Só ouvi as sirenes. Eu estava muito assustada.

— Senhora Laura, você conhecia bem o Sr. Vicente? Ele tinha inimigos?

— Conhecia-o há muitos anos, detetive. Ele era um bom homem, um bom patrão. Nunca o vi ter inimigos. Pelo menos, eu nunca vi nada.

— E o Sr. Ricardo? Você o conhece bem?

— Sim, detetive. Ele vinha aqui frequentemente. Às vezes ele se reunia com o Sr. Vicente no escritório.

— Ele parecia ter algum tipo de problema com o Sr. Vicente?

— Não, detetive. Pelo menos, eu nunca vi nada. Nunca percebi nada de anormal entre eles.

— Entendo. Agradeço sua colaboração, Senhora Laura. Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, nos informe.


Senhora Laura assentiu, a expressão séria. Ela deixou a biblioteca, carregando consigo o peso do segredo que a mansão guardava. O detetive Pedro, porém, sabia que a busca pela verdade exigia mais do que depoimentos. Exigia observação, análise e, acima de tudo, perspicácia para desvendar o mistério que envolvia a morte de Sr. Vicente.

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