Ronan e os segredos escondidos através das pedras
- Magvania P. Nunes
- 13 de out.
- 4 min de leitura

As memórias de Liz através do cristal
Ronan, aproximando-se cautelosamente do cristal, estendeu a mão para tocá-lo. A energia que emanava do cristal era intensa, quase avassaladora.
"Elara," Ronan disse, sua voz cheia de admiração e respeito, "eu sinto uma energia incrível vindo deste cristal. É como se ele estivesse vivo."
Elara, observando Ronan com atenção, respondeu: "Sim, Ronan. Este cristal é a alma desta cidade. Ele guarda a memória de Lys, sua história, sua dor, sua esperança. Toque-o com respeito, Ronan. Ele pode revelar segredos, mas também pode ser perigoso."
Ronan, com cuidado, tocou a superfície lisa e fria do cristal. Uma onda de energia o percorreu, revelando imagens e sensações, fragmentos de memórias e emoções de um passado distante. Era a história de Lys, contada através da energia do cristal, uma história de glória, arrogância, tragédia e esperança.
Ronan tocou o cristal de Lys. Uma onda de energia o invadiu, tão intensa que ele cambaleou para trás, os joelhos fraquejando. Então, o mundo ao seu redor se transformou. Ele não estava mais na câmara subterrânea, mas nas ruas movimentadas de Lys, uma cidade vibrante e radiante, banhada pela luz do sol. Edifícios imponentes se erguiam, esculpidos em pedra branca e adornados com detalhes intrincados. Pessoas vestidas com roupas ricas e coloridas transitavam pelas ruas, suas vozes ecoando em uma sinfonia de alegria e prosperidade. Ronan podia sentir o cheiro do mar, o calor do sol, a energia vibrante da vida. Ele era um observador silencioso, invisível aos olhos dos habitantes de Lys, um fantasma do futuro testemunhando o auge de uma civilização gloriosa.
Ele observou os mercadores negociando suas mercadorias, os artesãos exibindo suas habilidades, as crianças brincando nas praças. A alegria e a prosperidade eram palpáveis, mas Ronan percebeu um subtexto de arrogância, uma confiança excessiva no poder e na riqueza de Lys.
Então, o cenário mudou. O céu escureceu, o mar agitou-se, e um estrondo ensurdecedor sacudiu a cidade. Ronan viu o terror nos olhos dos habitantes de Lys enquanto as águas invadiam as ruas, engolfando casas e pessoas. O som dos gritos, o desespero, a luta pela sobrevivência, tudo isso ecoou em sua mente, como se ele estivesse vivenciando a tragédia em primeira mão. Ele viu a cidade afundar lentamente, engolfada pelas ondas implacáveis do mar, seus habitantes lutando em vão contra a fúria da natureza.
Quando a visão desapareceu, Ronan estava de volta à câmara subterrânea, tremendo e ofegante, o suor escorrendo pelo seu rosto. Ele se apoiou em Elara, sua respiração irregular.
"Elara..." ele sussurrou, a voz rouca pela emoção, "eu... eu vi... eu vi tudo. A glória de Lys, sua arrogância, sua queda... o desespero..."
Elara, segurando-o com firmeza, disse com voz suave: "Eu sei, Ronan. O cristal mostrou a você a verdade. A história de Lys é uma lição sobre o equilíbrio, sobre a relação entre o homem e a natureza. A arrogância e a falta de respeito pela natureza levaram à destruição."
Ronan, ainda abalado pela experiência, murmurou: "A fúria do mar... o desespero nos olhos deles... eu nunca vou esquecer."
Elara o abraçou com força, oferecendo-lhe conforto e apoio. A visão que Ronan tivera no coração de Lys havia sido intensa, uma experiência que o marcaria para sempre, uma lição inesquecível sobre os altos e baixos da civilização e a importância do respeito pela natureza.
Ronan, ao tocar o cristal de Lys, não apenas testemunhou a história da cidade, mas também sentiu as emoções dos habitantes em cada momento. Sua experiência foi visceral, imersiva, como se ele estivesse realmente vivendo aqueles momentos. Ele não era um mero observador passivo; ele interagiu com a memória, sentindo o calor do sol na pele durante os dias de prosperidade, o frio cortante da água durante a inundação, o medo e o desespero nos rostos dos cidadãos. Ele ouviu os sussurros de suas conversas, sentiu a textura de suas roupas, o peso de suas ferramentas. Foi uma experiência sensorial completa, uma imersão total na memória coletiva de Lys.
Durante a cena da inundação, Ronan sentiu o pânico crescente dos habitantes. Ele viu crianças agarradas aos pais, mulheres chorando, homens lutando em vão contra a força implacável da água. A expressão de terror em seus rostos era tão real que Ronan sentiu um aperto no peito, uma pontada de dor empática. Ele viu a dignidade e a resiliência em meio ao caos, a tentativa desesperada de salvar o que restava de suas vidas e de suas memórias. Ele viu a tristeza e a perda nos olhos daqueles que sobreviveram, a angústia daqueles que perderam tudo. Ele sentiu a força da natureza, a fúria implacável do mar, e a fragilidade da civilização humana diante de sua força.
A reação de Elara ao testemunhar a experiência de Ronan foi de profunda preocupação e admiração. Quando Ronan tocou o cristal, ela observou atentamente, seus olhos fixos nele, percebendo a intensidade da experiência que ele estava tendo. Ela viu a mudança em sua expressão, a palidez de seu rosto, o tremor em suas mãos. Quando ele voltou do passado, ela o acolheu com um abraço caloroso, sua voz carregada de compaixão e compreensão.
"Ronan," ela disse, sua voz suave e preocupada, "você está bem? O que você viu?"
Ronan, ofegante e abalado, tentou descrever a experiência: "Elara... eu... eu vi tudo. A glória e a tragédia de Lys. Eu senti o medo, a dor, a perda... foi como se eu estivesse lá, vivendo tudo ao lado deles."
Elara, com os olhos cheios de empatia, respondeu: "Eu sei, Ronan. O cristal é poderoso. Ele compartilha as memórias e as emoções da cidade. Você experimentou a história de Lys de uma forma profunda e inesquecível."
Ela abraçou Ronan mais forte, oferecendo-lhe conforto e apoio. A experiência que ele tivera fora intensa, mas também transformadora, deixando-o com uma compreensão profunda da história de Lys e do peso do passado. A experiência havia sido visceral, uma jornada emocional e espiritual que o marcaria para sempre.
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