"Meu Apê, Minhas Regras (e Minhas Contas)" Lia está morando sozinha agora...
- Magvania P. Nunes
- 30 de out.
- 2 min de leitura
Capítulo 13

A vizinha é seu bolo de milho
O sétimo dia amanheceu com Lia cantarolando desafinado enquanto lutava para encaixar uma panela grande demais no fogão minúsculo. A panela, herdada da avó, era um monumento à culinária nordestina, capaz de alimentar um regimento, mas no apartamento de Lia, parecia um monstro prestes a explodir.
– Ai, meu Deus! – exclamou Lia, quase derrubando a panela. – Essa coisa é maior que meu fogão! Será que eu consigo fazer um ovo frito aqui dentro?
De repente, a campainha tocou. Lia, com a panela ainda em mãos, correu para atender. Era a vizinha, Dona Maria, uma senhora de cabelos brancos e sorriso fácil, carregando um bolo enorme.
– Bom dia, querida! – disse Dona Maria, com um sorriso largo. – Vi você lutando com aquela panela lá da janela. Trouxe um bolo para te animar. E olha, não se preocupe com a panela, eu tenho uma receita de bolo de milho que cabe direitinho nela!
Lia gargalhou. – Dona Maria, a senhora é um anjo! Mas como a senhora sabia que eu estava sofrendo com essa panela?
– Ah, querida, – respondeu Dona Maria, piscando. – Aqui no prédio, a gente sabe de tudo. É como se tivéssemos um grupo secreto na rede social, só que sem celular. Mas falando em celular, você tem um? Porque eu tenho uma receita de bolo de milho que precisa de internet para ver o vídeo...
Lia, já rindo alto, mostrou o celular velho, com a tela rachada. – Tenho sim, mas a internet é mais lenta que lesma em dia de chuva.
– Ah, não se preocupe! – disse Dona Maria, já entrando no apartamento. – Eu te ensino a receita na raça! E enquanto isso, vamos comer esse bolo. Afinal, seis pratos são mais que suficientes para duas pessoas, não é?
E assim, o sétimo dia no apartamento de Lia se transformou em uma festa improvisada, com bolo, risadas e a receita de bolo de milho sendo passada de geração em geração, de vizinha para vizinha, com direito a improvisos e adaptações que só a vida, poderia proporcionar. Lia aprendeu naquele dia que, mesmo com uma cama, um fogão, seis pratos, duas panelas, seis garfos, colher, três facas e uma faca grande, três copos e roupas usadas, a vida podia ser muito rica e divertida, principalmente com uma vizinha prestativa e um bolo de milho delicioso. Afinal, a alegria não cabe em panelas, cabe no coração. E o coração de Lia estava cheio.





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