"Meu Apê, Minhas Regras (e Minhas Contas)" Lia está morando sozinha agora...
- Magvania P. Nunes
- 7 de ago.
- 3 min de leitura

Mudança, vou mora sozinha
Lia, com seus 17 anos recém-completados, sentia o estômago embrulhar-se em um turbilhão de ansiedade e excitação. A mudança para o seu próprio apartamento era iminente, um rito de passagem que a catapultaria da segurança do lar para o desconhecido da vida adulta.
Naquela manhã, o sol espreitava tímidamente pelas cortinas de seu quarto, pintando listras douradas sobre a colcha florida. Lia levantou-se, sentindo o frio do chão acariciar seus pés descalços. Caminhou até a janela e observou o movimento lá embaixo: carros zunindo, pessoas apressadas em seus afazeres. Era um mundo pulsante, cheio de possibilidades, e ela estava prestes a mergulhar de cabeça.
— Lia, o café está na mesa! — a voz de sua mãe ecoou do andar de baixo.
Lia suspirou e desceu as escadas, encontrando a mesa posta com esmero. Pão fresco, frutas coloridas, café fumegante. Sua mãe, com um sorriso sereno, a esperava.
— Dormiu bem, querida? — perguntou, enquanto Lia se sentava.
— Mais ou menos. A ansiedade não me deixou em paz — respondeu, pegando uma fatia de pão.
— É normal, meu amor. É uma grande mudança. Mas você está preparada.
Lia assentiu, mas por dentro sentia-se como uma folha ao vento. Tantas coisas a fazer, tantas decisões a tomar. O apartamento, embora pequeno, precisava ser transformado em um lar. As contas, a comida, a organização… tudo seria de sua responsabilidade.
— Quer ajuda para arrumar as últimas caixas? — ofereceu sua mãe.
— Aceito. Quanto antes terminarmos, mais rápido me livro dessa agonia.
Juntas, mãe e filha subiram para o quarto de Lia, onde pilhas de caixas aguardavam para serem lacradas. Roupas, livros, objetos de decoração… cada item carregava consigo uma lembrança, um pedaço de sua história.
— Lembra desta blusa? — perguntou sua mãe, retirando uma peça de roupa de dentro de uma caixa. — Você usou no seu primeiro encontro com o Pedro.
Lia corou. — Mãe! Não precisa me lembrar disso.
As duas riram, e o clima tenso se dissipou um pouco. Enquanto embalavam os pertences de Lia, conversavam sobre o futuro, sobre os desafios que ela enfrentaria, sobre as alegrias que certamente viriam.
— O importante é você não se esquecer de quem você é — disse sua mãe, segurando as mãos de Lia. — Dos seus valores, dos seus sonhos. E lembre-se: eu estarei sempre aqui para você, não importa o que aconteça.
As palavras de sua mãe aqueceram o coração de Lia. Ela sabia que podia contar com ela, mas também sabia que precisava trilhar o seu próprio caminho.
No dia seguinte, Lia acordou com uma sensação estranha. Era o dia da mudança. O caminhão já a esperava na porta, pronto para levar seus pertences para o novo lar.
O apartamento era pequeno, mas aconchegante. Uma sala, um quarto, uma cozinha e um banheiro. Lia olhou ao redor, imaginando como seria sua vida ali. As paredes brancas gritavam por cor, os espaços vazios clamavam por vida.
Com a ajuda de alguns amigos, Lia descarregou o caminhão e começou a organizar suas coisas. Cama, sofá, estante de livros… aos poucos, o apartamento foi ganhando forma, tornando-se um reflexo de sua personalidade.
No final do dia, exausta, Lia sentou-se no sofá e contemplou o seu novo lar. Ainda faltava muito para ficar perfeito, mas já era seu. Um sorriso tímido brotou em seus lábios. Ela havia dado o primeiro passo rumo à independência, rumo à vida adulta.
Naquela noite, antes de dormir, Lia pegou o telefone e ligou para sua mãe.
— Mãe, cheguei bem. O apartamento é… meu.
— Eu sei, querida. Estou muito orgulhosa de você.
— Obrigada por tudo.
— Eu te amo, Lia.
— Eu também te amo, mãe.
Lia desligou o telefone e deitou-se na cama. Olhou para o teto, sentindo-se grata por tudo o que tinha. Pela família, pelos amigos, pela oportunidade de recomeçar.
Fechou os olhos e adormeceu, embalada pela brisa suave que entrava pela janela. O futuro a aguardava, cheio de desafios e oportunidades. E ela estava pronta para enfrentá-lo.
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