"O Enigma de Lazuli e o Destino de Kael".
- Magvania P. Nunes
- 15 de jun.
- 6 min de leitura
Atualizado: 9 de ago.

O medalhão das sombras
O vento uivava como um lobo faminto pelas ruas de Lazuli, cidade de pedra cinzenta cravada nas montanhas de areias brancas e diversas árvores . Lá, no meio daquela fúria natural, vivia Kael, um jovem rapaz com olhos da cor do céu noturno e um segredo que o assombrava: a capacidade de ver sombras que ninguém mais conseguia. Ele as via pulsando com vida própria, sussurrando segredos que o deixavam inquieto.
Uma noite, enquanto caminhava pelas ruas desoladas, quase vazias devido à tempestade, Kael avistou uma figura encapuzada parada diante de uma porta antiga, esculpida com símbolos estranhos que pareciam se contorcer sob a luz fraca dos lampiões. A sombra da figura era anormalmente escura, emanando um frio que lhe gelou a espinha. Era uma escuridão diferente, mais profunda do que qualquer sombra que ele já havia visto.
O ar ficou pesado, carregado de uma energia estranha.
"Você está me procurando, garoto?", a voz grave ecoou, rouca como pedras raspando.
Kael recuou, o coração batendo forte no peito, mas uma força invisível o impedia de fugir. A curiosidade, mais forte que o medo, o prendeu ali.
"Quem... quem é você?", gaguejou Kael, a voz tremendo levemente.
"Eu sou aquele que guarda os segredos de Lazuli. E você, garoto, carrega um segredo que pode destruir esta cidade ou salvá-la. Você é o elo perdido, a chave para um mistério que se estende por séculos. A figura se aproximou, o capuz caindo para revelar um rosto enrugado, emoldurado por cabelos brancos como neve. Seus olhos eram como brasas incandescentes.
"Que segredo? Eu... eu não sei do que está falando," respondeu Kael, tentando parecer confiante, mas a mentira soou até para seus próprios ouvidos. O medo o corroía por dentro, mas ele se recusava a mostrar fraqueza.
"Você vê o que os outros não veem. As sombras que se escondem nos cantos mais escuros. Elas sussurram segredos, garoto. Segredos perigosos." Você consegue ouvi-las, não consegue?” Elas te mostram o caminho, mesmo que você não queira ver.” O guardião sorriu, um sorriso fino e misterioso. O ar noturno, denso e frio, envolvia Kael, ele viu que o Guardião estava segurando uma pedra que tinha um desenho de uma árvore e havia nela um pequeno medalhão que na posição que si encontrava parecia a lua da pedra, em seguida o guardião tira o medalhão da pedra. Colocando na palma da mão ossuda, o Medalhão é uma peça circular de obsidiana polida. Sua superfície lisa e fria refletia a luz de maneira distorcida, criando um jogo de sombras e brilhos que pareciam dançar sobre sua face. No centro, uma intrincada gravura em baixo relevo retratava uma árvore retorcida, seus galhos esqueléticos se estendendo como braços que abraçam a escuridão. As raízes, profundas e sinuosas, pareciam penetrar no próprio medalhão, criando uma sensação de mistério e poder latente.
Kael franziu a testa, confuso. "O que é isso?"
"Kael," a voz do Guardião era rouca, carregada de séculos de segredos , ecoou na quietude da noite, “chegou a hora. A hora de você assumir o legado.” Ele estendeu a mão, oferecendo o medalhão. "receba o Medalhão das Sombras. Ele não é apenas uma joia, mas um artefato capaz de sentir e controlar as sombras, um escudo contra perigos ocultos. A obsidiana amplifica sua capacidade, criando uma barreira contra influências maléficas. A árvore gravada representa a força vital que resiste a escuridão, conectada a um fluxo de energia sombria que o medalhão manipula."
Kael hesitou por um instante, sentindo o peso da responsabilidade que se aproximava. “Este... este é o Medalhão das Sombras?” Sua voz era um sussurro, carregado de uma mistura de admiração e temor.
“Sim,” respondeu o Guardião. ”E muito mais do que uma simples joia. Ele é um artefato antigo, A obsidiana, como você sabe, repele energias negativas, mas este medalhão... ele faz mais do que isso. Ele sente as sombras, Kael. Ele controla as sombras.”
Kael engoliu em seco. “Controlar as sombras? Como?”
“Através da sua ligação com ele,” explicou o Guardião, sua voz baixa e confidencial. “Ele é uma extensão de você, e você, uma extensão dele. Ele te alertará sobre o perigo. Sinta o medalhão. Observe como ela absorve e reflete a luz. Essa é a sua linguagem. Quando uma ameaça se aproxima, você sentirá uma mudança sutil na temperatura, um arrepio que percorrerá sua pele. As sombras ao seu redor se agitarão, tornando-se mais densas, mais escuras. O próprio medalhão pode emitir sinais visíveis: um brilho intenso, padrões que se formam na superfície da obsidiana... Ele te mostrará o caminho, te protegerá.”
O Guardião colocou o medalhão na mão de Kae.
"A obsidiana repele a negatividade, mas este medalhão... ele a absorve, a controla," continuou o Guardião. "Ele sente as sombras, Kael. Ele as sente antes mesmo que você as veja. Observe os minúsculos pontos de luz que brilham na superfície. São portais, canais de energia. Quando uma ameaça se aproxima, eles se intensificam, mudam de cor, piscam... é a linguagem das sombras, e este medalhão é seu intérprete..."
“Ele não apenas protege, mas também previne, oferecendo-lhe uma vantagem crucial na face do perigo. Guarde-o bem, Kael. Ele é sua proteção, seu guia através da escuridão." A entrega do medalhão selava o destino de Kael, um destino entrelaçado com as sombras e a responsabilidade de protegê-lo.
O guardião olhando para Kael e fala. "Este medalhão pode te ajudar a controlar o que você vê, mas também pode te atrair para um perigo ainda maior. Você precisa encontrar o Cristal de Agva antes que eles o encontrem."
"Eles? ... Quem são 'eles'?",... Kael, a pergunta escapando em um sussurro rouco, os olhos arregalados.
O guardião, sorriu levemente, um sorriso que não alcançava seus olhos. Aproximando-se, e com um gesto delicado soprou uma névoa sutil sobre o rosto de Kael, um aroma peculiar, uma mistura de ervas e terra úmida, herbal e um pouco adocicado. A névoa, estranhamente fria, invadiu os sentidos do jovem, imediatamente, uma visão horrível invadiu a mente do jovem: criaturas feitas de sombras, seres retorcidos e ameaçadores que pareciam se alimentar da própria escuridão. , Somente quando o vento fresco dissipou a névoa, a imagem se desfez, deixando-o tremendo, coberto de suor frio e ofegante.
"Os Silenciosos. Seres das sombras, que se alimentam do medo e do segredo. Eles estão procurando o Cristal, um artefato de poder inimaginável, capaz de destruir Lazuli ou salvá-la." “Sua energia é tão poderosa que pode mudar o curso dos eventos, moldar o destino desta cidade”. O guardião apertou o medalhão na mão de Kael. "Sua jornada começa agora. Procure a Torre do Relógio, no topo da cidade. Lá, você encontrará sua primeira pista." Tenha cuidado, garoto. A cada passo, a linha entre a luz e a sombra se torna mais tênue." Mas lembre-se, garoto, o tempo é seu inimigo.” E as sombras... elas sempre observam."
O peso do medalhão era surpreendente. Uma densidade incomum, quase viva, lhe pesava na mão . Uma onda de energia, sutil, mas perceptível, o percorreu que o deixou levemente tonto. Por um instante, ele esqueceu o Guardião, hipnotizado pela peça. Por um instante, o mundo ao seu redor se esvaiu, restando apenas o frio metal na palma da sua mão e a intrincada gravura que o adornavam. Era uma sensação… antiga, como se o objeto carregasse memórias de eras passadas. Ele traçou os detalhes com o polegar, hipnotizado. A imagem parecia pulsar fracamente sob a luz tênue.

Quando finalmente ergueu o olhar, procurando o Guardião, só encontrou o silêncio. Um silêncio pesado, inquietante. Somente o eco distante de seus próprios pensamentos. O guardião havia desaparecido.
“Guardião?” A voz de Kael saiu rouca, um sussurro perdido no ar. Ele esperou, o coração batendo forte no peito. O silêncio persistia, crescendo, tornando-se um monstro invisível. Um suor frio lhe banhou a testa.
Ele se virou, procurando por qualquer sinal do Guardião. Nada. Apenas árvores e sombras longas e ameaçadoras. Então, uma das sombras se alongou, tomando forma, uma figura escura e indefinida.
Sombra: Não procure por ele, Kael. Ele já não está aqui.
Kael se assustou, recuando um passo.
Kael: Onde está o Guardião?
Sombra: Ele cumpriu seu propósito. Agora, o medalhão é seu fardo. Outra sombra se materializou, sua voz mais grave e profunda.
Sombra : Ele te escolheu, Kael. O destino te espera.
Kael: O que... o que está acontecendo? O que esse medalhão significa?
Sombra: Ele guarda segredos antigos, poder imenso. Mas também um grande perigo.
Kael: Eu preciso entender! Eu preciso saber o que fazer!
Sombra : O caminho se mostrará. Mas lembre-se: o poder corrompe. A sabedoria é a sua única arma.
As sombras começaram a se dissipar, deixando Kael sozinho com o medalhão e um turbilhão de perguntas. Ele apertou o objeto com força, sentindo o peso frio e a estranha energia pulsando nele, uma promessa e uma ameaça ao mesmo tempo.
O medo se misturava à determinação, enquanto ele enfrentava o desconhecido, e a sensação de um mistério prestes a ser desvendado. Sua aventura havia começado. E as sombras, ele sabia, o seguiriam, sussurrando segredos em seu ouvido, guiando-o, ou talvez, tentando prendê-lo...
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