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A Última Noite do Sr. Vicente"

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • 21 de ago.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de set.



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Depoimento do motorista



O detetive Pedro observou o motorista, Seu João, um homem magro e de poucos cabelos grisalhos, sentar-se na poltrona de couro da biblioteca. A tarde já caía, lançando sombras longas sobre os livros encadernados. O ar estava pesado, carregado pela gravidade do caso. Pedro abriu seu bloco de notas, o olhar fixo em Seu João.

— Seu João, agradeço sua presença. Seu depoimento é importante para a investigação da morte do Sr. Vicente. Vamos começar pelo seu dia de trabalho, no dia do assassinato. Conte-me tudo, com detalhes.

Seu João limpou a garganta, as mãos grandes e calejadas descansando sobre os joelhos. Sua voz era baixa, quase um sussurro.

— Bom, detetive, cheguei à mansão às sete e meia da manhã, como sempre. Comecei verificando o carro do Sr. Vicente, limpando o interior e checando os pneus. Ele gostava de tudo impecável.

— Você observou algo incomum na mansão ao chegar?

— Não, detetive. Tudo estava normal. A casa estava silenciosa, como sempre.

— E durante o dia? Você se lembra de alguma atividade incomum ou de ter visto alguma pessoa suspeita?

— Bem, detetive, o Sr. Ricardo esteve na garagem pela manhã. Ele pediu para eu verificar a pressão dos pneus do seu carro. Ele parecia um pouco apressado. Ele estava falando ao celular enquanto eu trabalhava.

— Ele parecia preocupado?

— Sim, detetive. Ele estava inquieto, andava de um lado para o outro. Ele parecia muito nervoso. Ele estava falando ao telefone em tom baixo e parecia muito preocupado.

— E depois disso?

— Continuei com meu trabalho, detetive. Às onze horas, levei o Sr. Vicente até a cidade para uma reunião. Ele retornou por volta das três da tarde. Depois disso, fiquei na garagem, fazendo a manutenção dos carros.

— O Sr. Vicente parecia preocupado durante a viagem?

— Não, detetive. Ele estava lendo alguns documentos. Ele parecia um pouco cansado, mas não parecia preocupado.

— E mais tarde, quando o Sr. Vicente foi encontrado morto, onde você estava?

— Eu estava na garagem, detetive. Estava lavando o carro do Sr. Vicente quando ouvi a comoção e as sirenes da polícia.

— Você viu ou ouviu algo incomum antes de ouvir a comoção?

— Não, detetive. Só ouvi as sirenes. Eu estava muito assustado.

— Seu João, você conhecia bem o Sr. Vicente? Ele tinha inimigos?

— Conhecia-o há muitos anos, detetive. Ele era um bom homem, um bom patrão. Nunca o vi ter inimigos. Pelo menos, eu nunca vi nada.

— E o Sr. Ricardo? Você o conhece bem?

— Sim, detetive. Ele vinha aqui frequentemente. Ele sempre era muito educado.

— Ele parecia ter algum tipo de problema com o Sr. Vicente?

— Não, detetive. Pelo menos, eu nunca vi nada. Nunca percebi nada de anormal entre eles.

— Entendo. Agradeço sua colaboração, Seu João. Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, nos informe.

Seu João assentiu, aliviado por ter terminado o depoimento. Ele deixou a biblioteca, carregando consigo o peso do mistério que pairava sobre a mansão. O detetive Pedro, porém, sabia que o quebra-cabeça ainda estava longe de ser resolvido. Cada depoimento era uma peça fundamental, e a busca pela verdade continuava.

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