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A Última Noite do Sr. Vicente"

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • 7 de ago.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de out.


Capítulo 8


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Depoimento do cozinheiro



O detetive Pedro observou o cozinheiro, Seu José, um homem corpulento e de fala mansa, acomodar-se na poltrona de couro da biblioteca. A luz da tarde pintava o ambiente com tons quentes, mas a atmosfera permanecia carregada. Pedro abriu seu bloco de notas, o olhar atento fixo em Seu José.

— Seu José, agradeço sua presença. Seu depoimento é importante para a investigação da morte do Sr. Vicente. Vamos começar pelo seu dia de trabalho, no dia do assassinato. Conte-me tudo, com detalhes.

Seu José limpou a garganta, as mãos grandes e calejadas descansando sobre os joelhos.

— Bom, detetive, cheguei à mansão às sete horas da manhã, como de costume. Comecei preparando o café da manhã, seguindo o cardápio habitual do Sr. Vicente. Ele gostava de um café forte com torradas e geleia de morango.

— Você observou algo incomum na mansão ao chegar?

— Não, detetive. Tudo estava normal. A casa estava silenciosa, como sempre.

— E durante o dia? Você se lembra de alguma atividade incomum ou de ter visto alguma pessoa suspeita?

— Bem, detetive, o Sr. Ricardo esteve na cozinha pela manhã. Ele pediu um café extra forte, e parecia um pouco agitado. Ele estava falando ao celular, mas não consegui ouvir o que ele dizia.

— Ele parecia preocupado?

— Sim, detetive. Ele estava inquieto, andava de um lado para o outro. Ele parecia muito nervoso.

— E depois disso?

— Continuei com meu trabalho, detetive. Preparei o almoço, lavei a louça, fiz o bolo de chocolate que o Sr. Vicente tanto apreciava. À tarde, estava preparando o jantar quando ouvi um barulho vindo da biblioteca. Parecia alguém mexendo em livros.

— Você foi verificar?

— Não, detetive. Não era meu dever. Eu continuei meu trabalho na cozinha.

— E mais tarde, quando o Sr. Vicente foi encontrado morto, onde você estava?

— Eu estava na cozinha, detetive. Estava terminando de guardar os ingredientes para o jantar quando ouvi a comoção e as sirenes da polícia.

— Você viu ou ouviu algo incomum antes de ouvir a comoção?

— Não, detetive. Só ouvi as sirenes. Eu estava muito assustado.

— Seu José, você conhecia bem o Sr. Vicente? Ele tinha inimigos?

— Conhecia-o há muitos anos, detetive. Ele era um bom homem, um bom patrão. Nunca o vi ter inimigos. Pelo menos, eu nunca vi nada.

— E o Sr. Ricardo? Você o conhece bem?

— Sim, detetive. Ele vinha aqui frequentemente. Às vezes ele almoçava aqui na cozinha.

— Ele parecia ter algum tipo de problema com o Sr. Vicente?

— Não, detetive. Pelo menos, eu nunca vi nada. Nunca percebi nada de anormal entre eles.

— Entendo. Agradeço sua colaboração, Seu José. Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, nos informe.

Seu José assentiu, aliviado por ter terminado o depoimento. Ele deixou a biblioteca, levando consigo o peso do mistério que pairava sobre a mansão. O detetive Pedro, porém, sabia que cada depoimento era uma peça fundamental no quebra-cabeça da investigação. A busca pela verdade continuava, e cada detalhe, por menor que fosse, poderia ser a chave para resolver o caso.

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