A Última Noite do Sr. Vicente"
- Magvania P. Nunes
- 10 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de out.
Capítulo 4

O depoimento do jardineiro
O detetive Pedro gesticulou para o jardineiro, Antônio, que se acomodava nervosamente na poltrona de couro da biblioteca. O ar denso de livros antigos e madeira polida contrastava com a atmosfera tensa que pairava no ambiente. A luz da tarde filtrava pelas janelas, criando sombras longas que dançavam pelas paredes.
— Sr. Antônio, agradeço sua presença. Seu depoimento é crucial para nossa investigação. Vamos começar pelo seu dia de trabalho na mansão, no dia do assassinato do Sr. Vicente. Conte-me tudo, com o máximo de detalhes possível. Comece pela manhã.
Antônio, um homem corpulento de mãos calejadas, limpou a garganta, os olhos fixos no chão.
— Bom, detetive, eu cheguei por volta das sete horas da manhã, como sempre. Comecei pelos jardins da frente, aparando as roseiras e limpando as folhas caídas. O tempo estava bom, um pouco frio, mas ensolarado.
— Você observou algo incomum na mansão ao chegar? Alguma movimentação estranha, portas ou janelas abertas?
— Não, detetive. Tudo estava normal. A mansão estava silenciosa, como sempre. Só o silêncio da manhã.
— E durante o dia? Você se lembra de ter visto alguma pessoa suspeita ou alguma atividade incomum nos jardins ou em torno da mansão?
— Bem, detetive, eu vi o Sr. Ricardo, o socio do Sr. Vicente, por volta das dez horas da manhã. Ele estava andando pelos jardins, parecia um pouco nervoso. Ele estava falando ao telefone, mas não consegui ouvir o que ele dizia.
— Ele parecia preocupado?
— Sim, detetive. Ele estava inquieto, andando de um lado para o outro. Parou algumas vezes para olhar em direção à casa principal.
— E depois disso?
— Continuei meu trabalho, detetive. A tarde foi tranquila, reguei as plantas, limpei as ferramentas. Por volta das cinco horas da tarde, ouvi um barulho vindo da biblioteca. Parecia alguém mexendo em livros.
— Você foi verificar?
— Não, detetive. Não é meu lugar. Eu só continuei meu trabalho.
— E mais tarde, na hora em que o Sr. Vicente foi encontrado morto, você estava onde?
— Eu já havia terminado meu trabalho e estava indo embora. Eu estava saindo pelos portões dos fundos quando ouvi as sirenes da polícia.
— Você viu ou ouviu algo incomum antes de sair?
— Não, detetive. Só ouvi as sirenes. Eu estava com pressa de ir para casa.
— Sr. Antônio, você conhecia bem o Sr. Vicente? Ele tinha inimigos?
— Conhecia-o sim, detetive. Ele era um bom homem, um bom patrão. Nunca vi ele ter inimigos. Pelo menos, nunca vi nada. Nunca ouvi falar de inimigos.
— E o Sr. Ricardo, você o conhece bem?
— Sim, detetive. Ele vinha aqui frequentemente. Às vezes ele ficava conversando com o Sr. Vicente nos jardins.
— Ele parecia ter algum tipo de problema com o Sr. Vicente?
— Não, detetive. Pelo menos, eu nunca vi nada. Não percebi nada de anormal.
— Entendo. Obrigado por sua colaboração, Sr. Antônio. Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, entre em contato conosco.
Antônio assentiu, aliviado por ter terminado o depoimento. Ele saiu da biblioteca, deixando para trás o peso da investigação e a sombra da morte que pairava sobre a mansão. O detetive Pedro, porém, sabia que a busca pela verdade ainda estava longe de terminar. Cada depoimento, cada detalhe, eram peças de um quebra-cabeça complexo que precisava ser montado para revelar a verdade por trás do assassinato de Sr. Vicente.





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