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A Última Noite do Sr. Vicente

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • 16 de nov.
  • 4 min de leitura


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Capítulo 22




Continuidade da Investigação na Mansão - Caso Vicente


Casa de Pedro - Madrugada


A casa de Pedro era um reflexo de sua vida: funcional, organizada, mas desprovida de calor. As paredes eram pintadas em tons neutros de cinza e branco, e os móveis eram modernos e minimalistas. Não havia fotos, lembranças ou qualquer outro item que pudesse sugerir uma vida pessoal. O único som era o zumbido baixo da geladeira e o gotejar ocasional da torneira da pia.

Pedro estava sentado à mesa da cozinha, sob a luz fria de um abajur, com a fotografia de Vicente e a mulher mais jovem espalhada à sua frente. O rosto dele estava tenso, e seus olhos, vermelhos de cansaço, estavam fixos na imagem.

O cheiro de café velho pairava no ar, e a xícara ao lado da fotografia estava pela metade. Pedro respirou fundo, tentando se concentrar. Ele sabia que a chave para desvendar o mistério estava na identidade da mulher, mas, até agora, todas as suas tentativas de encontrá-la haviam sido infrutíferas.

O toque do telefone o assustou. Ele atendeu, a voz rouca de sono.

"Sou eu, Silva", disse a voz do outro lado da linha. "Tenho novidades sobre as câmeras de segurança."

Pedro se endireitou na cadeira, o cansaço momentaneamente esquecido. "Conte-me tudo", disse ele.

"As câmeras perto da mansão registraram a saída de Vicente por volta das 22h na noite do crime", disse Silva. "Ele estava dirigindo seu próprio carro, e não parecia estar sendo seguido."

"E para onde ele estava indo?", perguntou Pedro, ansioso.

"As câmeras o registraram entrando em um hotel no centro da cidade", respondeu Silva. "O Hotel Esmeralda."

Pedro suspirou, sentindo um nó se formar em seu estômago. "Hotel Esmeralda...", murmurou ele. "Um lugar famoso por encontros discretos e casos extraconjugais."

"Exatamente", disse Silva. "Vou verificar os registros do hotel para ver com quem Vicente se encontrou naquela noite."

"Ótimo", disse Pedro. "Mantenha-me informado."

Ele desligou o telefone, o olhar novamente fixo na fotografia. A sensação de que estava perto de desvendar a verdade o invadiu, mas também um sentimento de tristeza e desilusão. A vida de Vicente, aparentemente tão perfeita e respeitável, estava cheia de segredos e mentiras.

Pedro se levantou, caminhando até a janela. A cidade lá fora estava calma e silenciosa, iluminada pelas luzes da madrugada. Ele respirou fundo, tentando afastar os pensamentos sombrios. Ele sabia que precisava continuar, que precisava encontrar a verdade, não importava o quão dolorosa ela pudesse ser.




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Hotel Esmeralda - Manhã


O Hotel Esmeralda era um lugar luxuoso e decadente, com lustres de cristal cintilantes, carpetes macios e espelhos dourados. O cheiro de perfume caro e flores frescas enchia o ar, e o som suave da música clássica criava uma atmosfera de elegância e sofisticação.

Pedro estava na recepção, falando com o gerente, um homem elegante e afável com um sorriso forçado no rosto.

"Estou investigando a morte de Vicente Moreira", disse Pedro, mostrando seu distintivo. "Gostaria de verificar os registros de hóspedes da noite de 28 de outubro."

O gerente hesitou, o sorriso desaparecendo de seu rosto. "Sinto muito, detetive", disse ele, a voz fria. "Não posso divulgar informações confidenciais sobre nossos hóspedes."

"Estou falando de um caso de assassinato", respondeu Pedro, a voz firme. "Se você está acobertando alguma coisa, pode estar se tornando cúmplice."

O gerente engoliu em seco, o rosto empalidecendo. "Eu... eu só estou seguindo as regras", disse ele.

Pedro suspirou, sabendo que precisava usar de outros meios para obter as informações de que precisava. "Entendo", disse ele. "Nesse caso, vou precisar de um mandado de busca."

O gerente pareceu chocado, mas assentiu em silêncio. Pedro sorriu, sabendo que estava mais perto da verdade do que nunca.

Poucas horas depois, Pedro estava sentado em um escritório improvisado no hotel, revisando os registros de hóspedes com a ajuda de um colega da delegacia. O cheiro de papel velho e tinta fresca enchia o ar, e o som do teclado ecoava no espaço.

"Aqui está", disse o colega, apontando para um nome em uma lista. "Um quarto foi registrado em nome de Isabella Rossi na noite de 28 de outubro."

Pedro sentiu o coração acelerar, o nome soando familiar. "Verifique se há alguma foto dela", disse ele, a voz tensa.

O colega digitou no computador, e uma imagem apareceu na tela. Pedro arregalou os olhos, reconhecendo instantaneamente o rosto da mulher na fotografia.

"É ela", disse ele, a voz embargada. "É a mulher na fotografia com Vicente."



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A caminho da Delegacia - Tarde


Enquanto o carro da polícia cortava o trânsito da cidade, Pedro discava o número de Silva. A mente dele rodava com as informações que havia acabado de descobrir. Isabella Rossi... O nome o corroía como ácido.

"Silva, temos um nome", disse Pedro assim que a ligação foi atendida. "Isabella Rossi. Ela se registrou no Hotel Esmeralda na noite do assassinato. E ela é a mulher da fotografia."

Houve um breve silêncio do outro lado da linha. "Rossi...", Silva finalmente respondeu, a voz carregada de reflexão. "Esse nome me soa familiar. Deixe-me verificar nossos arquivos."

Pedro respirou fundo, tentando acalmar os nervos. "Descobri mais uma coisa. Isabella Rossi é proprietária de uma galeria de arte no centro. 'Arte Bella'. Parece que Vicente era um frequentador assíduo."

"Interessante...", murmurou Silva. "Um homem de negócios e uma dona de galeria... Parece que nosso Vicente tinha gostos requintados."

"Silva, precisamos trazer essa mulher", Pedro interrompeu, a voz firme. "Ela tem as respostas que procuramos."

"Estou providenciando uma ordem de busca para a galeria e um mandado de prisão para Isabella Rossi", respondeu Silva. "Nos encontramos na delegacia. Temos muito o que conversar."

Enquanto o carro da polícia acelerava pelas ruas da cidade, Pedro olhava pela janela, a mente cheia de dúvidas e suspeitas. Ele sentia que estava cada vez mais perto da verdade, mas também sabia que o caminho que o aguardava seria perigoso e incerto. A Mansão Moreira e seus segredos estavam prestes a serem desmascarados, e Pedro estava determinado a ver a justiça ser feita.

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