A Última Noite do Sr. Vicente"
- Magvania P. Nunes
- 18 de set.
- 2 min de leitura

Depoimento da faxineira Maria
A biblioteca, normalmente silenciosa e imponente, agora abrigava uma atmosfera tensa. Maria, a faxineira, uma mulher pequena e de fala rápida, sentava-se na poltrona de couro, os dedos nervosamente entrelaçados. O detetive Pedro, observando-a com atenção, iniciou o interrogatório.
— Maria, agradeço sua presença. Seu depoimento é importante para a investigação da morte do Sr. Vicente. Conte-me tudo sobre seu dia de trabalho, no dia do assassinato, com detalhes, por favor.
Maria respirou fundo, tentando controlar a ansiedade.
— Bom, detetive, cheguei à mansão às oito horas da manhã, como sempre. Comecei limpando os quartos do andar de cima. Depois, limpei os banheiros e a cozinha.
— Você observou algo incomum na mansão ao chegar?
— Não, detetive. Tudo estava normal. A casa estava silenciosa, como de costume.
— E durante o dia? Você se lembra de alguma atividade incomum ou de ter visto alguma pessoa suspeita?
— Bem, detetive, vi o Sr. Ricardo pela manhã. Ele estava no corredor, falando ao telefone. Parecia nervoso. Ele estava andando de um lado para o outro.
— O que ele estava fazendo no corredor?
— Ele estava falando ao telefone, detetive. Não consegui ouvir o que ele estava dizendo, mas ele parecia muito nervoso e preocupado.
— E depois disso?
— Continuei meu trabalho, detetive. Limpei a sala de jantar, a sala de estar, e depois comecei a limpar a biblioteca. Por volta das duas da tarde, estava limpando a biblioteca quando ouvi um barulho vindo do jardim. Parecia alguém mexendo em ferramentas de jardinagem.
— Você foi verificar?
— Não, detetive. Não era meu dever. Continuei meu trabalho na biblioteca.
— E mais tarde, quando o Sr. Vicente foi encontrado morto, onde você estava?
— Eu estava limpando o escritório do Sr. Vicente, detetive. Estava terminando de aspirar o tapete quando ouvi a comoção e as sirenes da polícia.
— Você viu ou ouviu algo incomum antes de ouvir a comoção?
— Não, detetive. Só ouvi as sirenes. Fiquei muito assustada.
— Maria, você conhecia bem o Sr. Vicente? Ele tinha inimigos?
— Conhecia-o há alguns anos, detetive. Ele era um bom homem, um bom patrão. Nunca o vi ter inimigos. Pelo menos, eu nunca vi nada.
— E o Sr. Ricardo? Você o conhece bem?
— Não muito bem, detetive. Ele vinha aqui frequentemente. Ele sempre era educado.
— Ele parecia ter algum tipo de problema com o Sr. Vicente?
— Não, detetive. Pelo menos, eu nunca vi nada. Nunca percebi nada de anormal entre eles.
— Entendo. Agradeço sua colaboração, Maria. Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, nos informe.
Maria assentiu, aliviada por ter terminado o depoimento. Ela deixou a biblioteca, levando consigo o peso do mistério que pairava sobre a mansão. O detetive Pedro, porém, sabia que cada depoimento era uma peça fundamental no quebra-cabeça da investigação. A busca pela verdade continuava.
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