A Última Noite do Sr. Vicente"
- Magvania P. Nunes
- 4 de set.
- 2 min de leitura

Depoimento do mordomo
A tarde já escurecia quando o mordomo, Alfredo, um homem elegante e de fala impecável, entrou na biblioteca. Ele se moveu com a mesma precisão e discrição que demonstrava em seu trabalho. O detetive Pedro, observando-o atentamente, sentiu que este depoimento poderia ser crucial.
— Alfredo, agradeço sua presença. Seu depoimento é vital para a investigação da morte do Sr. Vicente. Vamos começar pelo seu dia de trabalho, no dia do assassinato. Conte-me tudo, com detalhes.
Alfredo respirou fundo, ajustando o colarinho de sua camisa impecavelmente branca. Sua voz era suave, controlada, mas carregava um tremor sutil.
— Bom, detetive, cheguei à mansão às sete horas da manhã, como sempre. Comecei verificando a correspondência e organizando a agenda do Sr. Vicente. Ele tinha uma reunião importante na cidade pela manhã.
— Você observou algo incomum na mansão ao chegar?
— Não, detetive. Tudo estava em ordem. A casa estava silenciosa, como de costume.
— E durante o dia? Você se lembra de alguma atividade incomum ou de ter visto alguma pessoa suspeita?
— Bem, detetive, o Sr. Ricardo esteve na mansão pela manhã. Ele parecia inquieto, andava de um lado para o outro, falando ao celular em tom baixo. Ele estava no escritório do Sr. Vicente.
— O que ele estava fazendo no escritório?
— Não sei ao certo, detetive. Ele estava em uma ligação telefônica, parecia muito nervoso. Não consegui ouvir o que ele estava dizendo.
— E depois disso?
— Continuei com minhas tarefas, detetive. Respondi a algumas ligações, organizei a agenda do Sr. Vicente, preparei o chá da tarde. Às três horas, levei o chá para o Sr. Vicente, que estava na biblioteca. Ele parecia cansado, mas não demonstrou estar preocupado.
— Você observou algo incomum na biblioteca?
— Não, detetive. A biblioteca estava em ordem. O Sr. Vicente estava lendo um livro antigo, com capa de couro.
— E mais tarde, quando o Sr. Vicente foi encontrado morto, onde você estava?
— Eu estava no meu quarto, detetive. Estava preparando-me para ir embora quando ouvi a comoção e as sirenes da polícia.
— Você viu ou ouviu algo incomum antes de ouvir a comoção?
— Não, detetive. Só ouvi as sirenes. Fiquei muito abalado.
— Alfredo, você conhecia bem o Sr. Vicente? Ele tinha inimigos?
— Conhecia-o há muitos anos, detetive. Ele era um bom homem, um bom patrão. Nunca o vi ter inimigos. Pelo menos, eu nunca vi nada.
— E o Sr. Ricardo? Você o conhece bem?
— Sim, detetive. Ele vinha aqui frequentemente. Às vezes ele se reunia com o Sr. Vicente no escritório.
— Ele parecia ter algum tipo de problema com o Sr. Vicente?
— Não, detetive. Pelo menos, eu nunca vi nada. Nunca percebi nada de anormal entre eles.
— Entendo. Agradeço sua colaboração, Alfredo. Se lembrar de mais algum detalhe, por favor, nos informe.
Alfredo assentiu, a expressão séria. Ele deixou a biblioteca, deixando para trás o peso do mistério que pairava sobre a mansão. O detetive Pedro, porém, sabia que a verdade ainda estava escondida em algum lugar, esperando para ser revelada. A investigação estava longe de acabar.
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