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Ronan e os segredos escondidos através das pedras

  • Foto do escritor: Magvania P. Nunes
    Magvania P. Nunes
  • há 3 dias
  • 6 min de leitura


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O cristal de Liz

Ronan, ainda abalado pela visão da história de Lys, dirigiu-se a Elara, sua voz carregada de uma mistura de admiração e apreensão: "Elara, tudo o que eu vi... a Lua Negra, o cristal de Lys, a cidade submersa... tudo está conectado, não está? O que exatamente é a Lua Negra, e qual a sua relação com o cristal e com a cidade?"

Elara, observando a expressão séria de Ronan, respondeu com calma: "Sim, Ronan. Tudo está intrinsecamente ligado. A Lua Negra é um eclipse raro, um evento que ocorre a cada cem anos. Durante esse eclipse, as barreiras entre o nosso mundo e o Reino das Sombras se enfraquecem, permitindo que entidades sombrias e perigosas invadam nosso plano de existência."

"O Coração de Lys," Elara continuou, gesticulando em direção ao cristal que pulsava com uma luz suave, "é um artefato mágico de imenso poder. Ele foi criado para proteger a cidade de Salus – a cidade que deu origem a Lys – da invasão das sombras durante a Lua Negra. Seu poder mágico cria uma barreira impenetrável, protegendo a cidade da influência maligna."

Ronan, intrigado, perguntou: "Mas e a cidade submersa? Lys... o que aconteceu? E o que vai acontecer agora que eu toquei o cristal?"

Elara respondeu com seriedade: "Lys foi uma cidade poderosa, mas sua arrogância e falta de respeito pela natureza levaram à sua destruição. A inundação foi um castigo, uma consequência de suas ações. O cristal de Lys, o Coração de Lys, ficou submerso com a cidade, mantendo sua energia e protegendo a memória de Lys."

"Quanto ao que vai acontecer agora..." Elara hesitou, seus olhos fixos nos de Ronan. "A Lua Negra está se aproximando. A cada toque no cristal, a sua ligação com ele se intensifica. Você se tornou um guardião, Ronan. Sua conexão com o cristal é crucial para proteger Salus da invasão das sombras."


Ronan, compreendendo a gravidade da situação, perguntou: "Então, a cidade submersa... ela pode voltar à superfície?"

Elara assentiu lentamente: "É possível. A energia do cristal está se intensificando. Se a energia se tornar forte o suficiente, ela pode trazer Lys de volta à superfície. Mas isso também pode enfraquecer as defesas de Salus, deixando-a vulnerável à invasão das sombras durante a Lua Negra."

"A decisão, Ronan," Elara concluiu, olhando diretamente para Ronan, "é sua. Você pode controlar a energia do cristal, e decidir o destino de Lys e de Salus." O peso da responsabilidade recaiu sobre os ombros de Ronan, a decisão de um futuro incerto repousando em suas mãos.

Ronan, ansioso por respostas, questionou Elara sobre a possibilidade da cidade submersa retornar à superfície. Ele esperava uma resposta definitiva, uma solução clara para o mistério que o assombrava. No entanto, a resposta de Elara foi mais complexa e preocupante do que ele imaginara.


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"Ronan," Elara começou, sua voz séria e carregada de uma tristeza resignada, "a verdade é… Lys não poderá retornar à superfície. Pelo menos, não da forma como você imagina."

Ronan franziu a testa, perplexo. "Mas… o cristal… a energia… eu senti a cidade, vi sua história. Parecia possível."

Elara balançou a cabeça lentamente. "Você sentiu a memória de Lys, Ronan, a energia que restou. Mas a cidade física… ela foi destruída, desintegrada pela força da inundação, pela ação do tempo e da natureza. O que restou são fragmentos, lembranças, energia. O cristal mantém essa energia, essa memória, mas não pode reconstruir a cidade."

Ronan, desapontado, mas ainda curioso, insistiu: "Então… o que significa a intensificação da energia do cristal? Se a cidade não pode retornar, qual o propósito?"

Elara explicou pacientemente: "A intensificação da energia do cristal não visa reconstruir Lys fisicamente, mas sim fortalecer a proteção de Salus. A energia de Lys, sua memória, sua história, é uma fonte de poder, uma força que pode ser canalizada para proteger a cidade de Salus da invasão das sombras durante a Lua Negra. A cidade submersa, em sua forma física, se foi. Mas sua essência, sua energia, permanece, e é essa energia que precisamos para proteger o futuro."

Ronan, apesar da decepção inicial, começou a compreender. "Então… a memória de Lys, sua energia… é uma arma, uma defesa contra as sombras?"

Elara assentiu, seus olhos brilhando com determinação. "Sim, Ronan. A tragédia de Lys não foi em vão. Sua memória, sua energia, se tornou uma força poderosa, uma proteção para Salus. Você, ao se conectar com o cristal, se tornou parte dessa proteção. Você é o guardião da memória de Lys, o protetor de Salus." A resposta de Elara, embora não trouxesse a ressurreição física de Lys, ofereceu uma nova perspectiva, uma nova esperança, um novo propósito para a energia do cristal e para o papel de Ronan na proteção de Salus.

Ronan, ainda absorto pela magnitude da história de Lys e pelo poder do Coração de Lys, dirigiu-se a Elara com uma nova pergunta, sua voz carregada de curiosidade: "Elara, você mencionou que o Coração de Lys protege Salus. Mas de onde ele veio? E por que ele continua na cidade submersa, mesmo depois de toda a tragédia?"

Elara, sentindo o peso da história em suas palavras, começou a narrar a origem do artefato mágico: "O Coração de Lys não foi criado em Lys, Ronan. Ele é muito mais antigo do que a própria cidade. Ele é um fragmento de um cristal muito maior, um cristal que existia desde os primórdios do mundo, um cristal de poder inimaginável."

"Diz a lenda," Elara continuou, sua voz quase um sussurro, "que esse cristal gigante era a fonte de toda a magia do mundo. Mas ele era instável, seu poder era tão grande que ameaçava destruir o equilíbrio da natureza. Então, grandes magos, ancestrais de nosso povo, decidiram fragmentá-lo, dividindo seu poder em pedaços menores, mais controláveis."

"Um desses fragmentos," Elara explicou, "foi levado para Salus. Ele se tornou o núcleo da cidade, a fonte de sua magia e prosperidade. Esse fragmento é o que conhecemos como o Coração de Lys."

Ronan, intrigado, perguntou: "Mas por que ele ficou em Lys, mesmo após a inundação? Por que não foi retirado?"


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Elara respondeu: "A conexão entre o cristal e a cidade era muito forte, Ronan. Quando Lys afundou, o Coração de Lys permaneceu com ela, preso à cidade submersa. A energia do cristal, mesmo submersa, continua a proteger Salus de uma forma sutil, criando uma barreira invisível contra as energias negativas. Sua força é amplificada durante a Lua Negra, quando a proteção é mais necessária."

"Além disso," Elara acrescentou, "o Coração de Lys não é apenas um artefato de poder, mas também um repositório de memórias. Ele guarda a história de Lys, sua glória e sua tragédia. É uma lembrança constante do equilíbrio que devemos manter com a natureza, uma lição para as futuras gerações." A história de Elara revelou a verdadeira natureza do Coração de Lys, um artefato antigo e poderoso, conectado intrinsecamente à história de Lys e ao destino de Salus, um testemunho da sabedoria e do poder dos ancestrais.

Ronan, ainda intrigado com a história do Coração de Lys, insistiu em mais detalhes sobre o destino do cristal quando Lys afundou. Elara, percebendo a necessidade de clareza, começou sua explicação:

"Quando a tragédia atingiu Lys, quando as águas invadiram a cidade, o Coração de Lys não foi simplesmente arrastado pelas ondas," Elara explicou, sua voz carregada de um tom reverente. "Sua ligação com a cidade era profunda, intrínseca, quase orgânica. Ele era o coração de Lys, não apenas em nome, mas em essência. A energia do cristal estava entrelaçada com a própria estrutura da cidade, com cada pedra, cada rua, cada casa."

Ronan, curioso, interrompeu: "Mas por que 'Coração de Lys'? Por que esse nome?"

Elara respondeu: "Porque ele era o centro vital de Lys, Ronan. Assim como o coração bombeia sangue para todo o corpo, o Coração de Lys irradiava energia mágica para toda a cidade, sustentando sua magia, sua prosperidade, sua própria existência. A perda de Lys foi a perda de seu coração, uma tragédia que ecoa até os dias de hoje."

"E por que ele não ficou em Salus, se sua função era proteger a cidade?" Ronan questionou.

Elara explicou: "A ligação do Coração de Lys com Salus era diferente da ligação com Lys. Era uma ligação de proteção, uma relação de guardião e protegido. Mas a ligação com Lys era mais profunda, mais fundamental. Era uma ligação de origem, de essência. Quando Lys afundou, o Coração de Lys não pôde ser separado. Ele afundou com a cidade, permanecendo ligado a ela, mesmo sob as águas."

"Imagine," Elara continuou, "o cristal como a alma de Lys. Quando o corpo físico da cidade foi destruído, a alma, o Coração de Lys, permaneceu, presa à memória, às emoções, à essência da cidade perdida. Ele não é apenas um artefato mágico, Ronan; ele é um repositório de memórias, um testemunho da história de Lys, um elo entre o passado e o futuro."

Ronan, finalmente compreendendo a profundidade do vínculo entre o cristal e a cidade submersa, perguntou: "Então, o Coração de Lys não protege Salus apesar de estar em Lys, mas por causa de sua ligação com Lys?"

Elara sorriu levemente, um sorriso de orgulho e tristeza. "Exatamente, Ronan. A tragédia de Lys, sua perda, se tornou sua força. A memória de Lys, guardada pelo Coração de Lys, é a chave para proteger Salus. É uma lição de resiliência, de transformação, de como a perda pode se tornar uma fonte de poder." A explicação de Elara revelou a complexidade da relação entre o Coração de Lys, Lys e Salus, uma relação de po

der, memória e proteção, entrelaçada pela história e pelo destino.

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